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Central dos quadrinhos

Com a proposta de divulgar e valorizar a produção nacional, Academia Brasileira de Histórias em Quadrinhos é inaugurada no Rio de Janeiro

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Dia 30 de janeiro de 1869. A primeira história em quadrinhos brasileira, As Aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte, era publicada pelo cartunista Angelo Agostini (1843-1910). Mais de um século depois, a data era decretada Dia Nacional dos Quadrinhos, em homenagem ao pioneirismo do artista ítalo-brasileiro. Neste ano, por sua vez, a efeméride ganhou mais um marco: a criação da inédita Academia Brasileira de Histórias em Quadrinhos (Abrahq), no Rio de Janeiro.

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Tudo começou com um projeto pessoal do desenhista paraense Edmundo Rodrigues, autor de “Jerônimo, o Herói do Sertão”, “O Falcão Negro”, entre outros cartoons. “Edmundo foi um grande expoente dos quadrinhos e, antes de falecer (em 2012), criou a marca HQ Forever e me pediu para não deixar o quadrinho morrer. Ele tinha um diário com todo esse projeto da Academia e também com o nome de todos os artistas que deveriam ser lembrados. Segui tudo o que ele havia escrito e a Abrahq aconteceu”, conta Ágata Desmond, curadora da obra de Rodrigues e presidente da entidade recém-criada.

Em funcionamento desde o início do ano, a instituição empossou 20 quadrinistas que ocupam cadeiras em homenagem a outros artistas já falecidos, entre eles o próprio Rodrigues. Entre os principais objetivos da entidade está criar um espaço para a valorização e preservação da HQ no Brasil. “Queremos buscar espaço para que os nossos profissionais encontrem mercado de trabalho. Precisamos levar as histórias em quadrinhos às favelas e às escolas e mostrar a importância das artes. As histórias em quadrinhos facilitam muito o aprendizado. Já ouvi até casos de professores que usam as HQs para alfabetizar crianças”, conta Ágata.

Apesar dos esforços, a instituição ainda não possui sede fixa e procura patrocinadores e parceiros que possam apoiar financeiramente o projeto. Temporariamente, as reuniões entre os membros vêm acontecendo na Colmeia Carioca, espaço de co-working localizado na zona sul do Rio. “Temos buscado contatos para conquistar a nossa sede própria, que terá cursos, palestras, workshops e exposições permanentes de HQ”, conta.

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Por esse mesmo motivo, ainda é difícil estimar o número de obras que integram o acervo, já que essas se encontram distribuídas pelas coleções pessoais dos membros da Academia. “Cada um é responsável pelo seu acervo. Eu tenho muitos gibis em casa e ainda recebi toda a coleção de Edmundo Rodrigues para tomar conta. Mas um dos nossos membros, Ranieri Andrade, que ocupa a cadeira de número 10, tem 60 mil gibis”, conta Ágata.

Dentre a coleção há diversas raridades, como gibis extremamente antigos que dependem de museólogos para continuar existindo e projetos jamais publicados, como o esboço de uma história em quadrinhos sobre o filho de Jerônimo, personagem desenhado por Edmundo Rodrigues e criado por Moisés Weltman, sucesso na década de 50. Além disso, a curadora conta que há pessoas que já demonstraram interesse em contribuir com a coleção por meio de doações de revistas antigas que estão em sua posse. “Nesse primeiro momento, estou bancando a Academia porque acredito nesse projeto. Mas estamos negociando em diversos setores e acreditamos que de algum lugar virá uma coisa boa”, diz Ágata.

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