Educação

Tabagismo é mais comum entre pobres e menos escolarizados

A porcentagem de fumantes com menos de sete anos de escolaridade é duas vezes maior do que a daqueles que cursaram um ano do Ensino Superior

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Existe relação entre desigualdade social e tabagismo? Segundo o estudo Impostos sobre o Tabaco e Políticas para o Controle do Tabagismo no Brasil, México e Uruguai – Resultados do Brasil, a resposta é sim. Desenvolvida pelo Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab), da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), a pesquisa apontou que o vício em tabaco se concentra entre os mais pobres e menos escolarizados. A porcentagem de fumantes com menos de sete anos de escolaridade é duas vezes maior do que a daqueles que cursaram um ano do Ensino Superior.

“As pessoas em situação socioeconômica mais vulnerável fumam mais, possuem menos chances de abandonar o vício e morrem mais por doenças relacionadas ao cigarro. Essa população não é impactada pelas políticas antitabaco de maneira eficiente”, diz Valeska Figueiredo, pesquisadora do Cetab. Os fumantes menos escolarizados têm menor percepção sobre as advertências de saúde nos maços do produto e sobre outros alertas de controle e, “além disso”, ela acrescenta, “também é mais evidente nesse grupo a ausência de regras para fumar em determinados ambientes, como casa e trabalho. Assim, fica mais exposto ao tabagismo passivo”.

O estudo também mostrou que as políticas de controle desenvolvidas no Brasil entre 1989 e 2008 conseguiram reduzir o consumo de tabaco em quase 50%. Entretanto, o avanço ainda encontra barreiras para superar as desigualdades sociais. “Embora essas políticas tenham causado um declínio importante no porcentual de fumantes em todos os grupos, inclusive no de menor renda, as pessoas de maiores renda e escolaridade foram as mais beneficiadas pelas ações de controle.”

Parar de fumar é mais fácil para quem tem ao menos um ano de universidade, dizem os pesquisadores. “A população socioeconomicamente mais vulnerável sabe que o cigarro causa câncer e outras doenças graves, mas essa percepção do risco não possui grande apelo entre os jovens. Ela só será importante mais à frente, quando veem parentes e outras pessoas próximas sofrendo de doenças relacionadas ao tabaco e, aí sim, pode haver um apelo para largar o hábito.” Fora isso, pessoas de menor renda são mais vulneráveis a mensagens pró-tabaco. “Muitos possuem pais que fumam e estão menos habilitados a resistir à influência dos amigos fumantes”, diz Valeska.

As despesas mensais com cigarros foram, em média, de 13,1% do rendimento entre pessoas com menos de oito anos de escolaridade, ante 5,4% da renda daquelas com escolaridade superior a 15 anos. “A grande conclusão do estudo é que a política de controle mais efetiva entre os mais pobres e entre os jovens é o aumento dos impostos sobre os cigarros e dos seus preços. Observamos que a elevação no custo as leva a fumarem menos e até a parar”, conclui a pesquisadora.

*Publicado originalmente em Carta na Escola

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