Educação

Plutão: a fronteira final

Após 10 anos, finalmente chegamos ao menor e mais distante planeta do sistema solar. Entrevistamos o astrônomo Sylvio Ferraz Mello sobre o planeta anão

Primeira foto de Plutão tirada pela New Horizons
Primeira foto de Plutão tirada pela New Horizons Plutão
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Plutão era o menor, mais gelado e mais distante planeta do sistema solar. O “era” não é por acaso: descoberto como planeta em 1930, o corpo celeste foi “rebaixado” a categoria de planeta anão em 2006, gerando alguma controvérsia e certo estranhamento. Nove anos depois, a sonda New Horizons chega ao planeta anão e promete fazer descobertas inéditas sobre esse misterioso corpo celeste. Em entrevista a Carta Educação, o astrônomo e professor do instituto de Astronomia e Geociências da USP, Sylvio Ferraz Mello, fala sobre Plutão, sua reclassificação e as novas descobertas trazidas pela New Horizons

Carta Educação: Plutão foi descoberto em 1930 como um planeta e assim permaneceu por décadas, até que em 2006 foi “rebaixado” à condição de planeta anão. O que diferencia um planeta de um planeta anão?
Sylvio Ferraz Mello: Essencialmente o tamanho. Plutão tem uma superfície de gelos muito refletora. Por causa de seu brilho, as observações de 1930 foram interpretadas como sendo de um objeto bem maior do que realmente o é. As medidas que se tornaram possíveis por volta de 1970 mostraram que era dez vezes menor do que era antes suposto.

CE: Quais as características de Plutão? Com base nelas, o que foi descoberto que levou a reconsiderar a categoria do corpo celeste?
SFM: O tamanho. Outros objetos existem no sistema solar que são do tamanho de Plutão, e nenhum deles é dito ser um planeta. Se Plutão é planeta, então Ceres também é planeta, Éris também é planeta etc.

CF: Existe resistência na comunidade científica a essa mudança de categoria? Por quê?
SFM: A categoria a que pertence Plutão é a mesma que Ceres, Éris etc. e isso é indiscutível. Não existe nenhuma base para uma mudança de categoria. Eles estão numa categoria hoje chamada de “planetas anões”. Pode-se rediscutir o nome da categoria, mas o nome é uma coisa secundária. O que não se pode é mudar o nome somente porque Plutão foi descoberto por astrônomos norte-americanos e alguns políticos norte-americanos se ofenderam com a denominação planetas anões dados a essa categoria. Qualquer que seja o nome usado, Plutão é um objeto extremamente interessante.

CF: Após nove anos de viagem da sonda New Horizons a Plutão, quais as descobertas obtidas pela sonda? Em que ela muda o que se conhecia sobre o corpo celeste?
SFM: De fato, não se conhecia nada antes, além de seu tamanho e da existência de seus satélites. É a primeira vez que se tem uma imagem da superfície de Plutão. As imagens que estão chegando agora e nos próximos 16 meses permitirão conhecer esse planeta gelado.

CF: Com a tecnologia hoje existente, é possível enviar humanos a Plutão?
SFM: Nem a Plutão, nem a nenhum outro planeta. Na melhor das hipóteses, apenas uma nova viagem tripulada à Lua seria possível.

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