Educação

Os mundos fantásticos 
do Oriente

Moribito – o Guardião do Espírito, que rendeu Prêmio Andersen a Nahoko Uehashi, coloca 
magia mística em cenário do Oriente medieval

Nahoko Uehashi|Livro ganhou prêmios e virou série no Japão
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“Era uma vez, em um lugar distante”, é assim que a maioria das histórias voltadas ao público infantojuvenil começa. Em um mundo de seres mitológicos, princesas e cavalheiros corajosos travam suas batalhas contra monstros e a maldade. Em Moribito – O Guardião do Espírito, da escritora japonesa Nahoko Uehashi, somos transportados para o ambiente medieval do Oriente, mesclado ao universo de magia mística dos seres do imaginário budista que vemos representados nos animes e mangás atuais.

Na série, pela qual Nahoko venceu em 2014 o Prêmio Andersen, considerado o Nobel da Literatura Infantojuvenil, o herói principal é a guerreira samurai Balsa. Ela luta para proteger a vida do príncipe guardião de um poder que desequilibraria o mundo dos humanos e o mundo sobrenatural.

Nahoko nasceu em 15 de julho de 1962 em Tóquio, tem formação em Etimologia, sendo professora catedrática da Universidade Feminina de Kawamura Gakuen e possui doutorado em Antropologia. Sua carreira literária iniciou-se em 1989, com A Árvore Sagrada (Seirei No Ki), em que o planeta Terra está completamente poluído e os últimos seres humanos lutam pela sobrevivência, dividindo-se em tribos em vários planetas. Quando tudo parece sem esperança, nasce uma criança no planeta dos Nira com a capacidade de se comunicar com a natureza selvagem, que, assim como os seres humanos, busca sobreviver.

Por seu segundo romance O Deus Que Dorme na Floresta da Lua (Tsuki no Mori ni Kami yo Nemure), de 1991, ganhou o prêmio da Associação Japonesa de Escritores Infantis. A heroína Kishime, uma jovem xamã, vê-se dividida entre o amor do deus da Floresta da Lua e a necessidade de cumprir seu dever como protetora de sua tribo, que, para garantir uma boa colheita, deverá matar o deus por quem se apaixonara. É essa obra que torna a escritora conhecida no meio literário, sendo reconhecida como autora de obras do gênero fantástico.

A saga dos guardiães 
Moribito inicia-se em 1996, com Moribito – O Guardião do Espírito, ganhando os prêmios Noma Children’s Literature New Face Prize e o Sankei Children’s Culture and Publishing Award, devido ao recorde de mais de 1,5 milhão de cópias vendidas somente no Japão. A série continua com mais dez obras. O primeiro livro, traduzido inclusive para o português, virou série de tevê no Japão em 2007 e adaptação para mangá em 2009. É considerado um contraponto no universo fantástico que costuma ter mais heróis homens, gregos e europeus.

Segundo escreve a autora no prefácio da obra na edição inglesa, a ideia de sua heroína surgiu quando ela assistia ao trailer de um filme de aventura, no qual havia um ônibus pegando fogo e uma mulher, apenas uma figurante, aparecia pegando uma criança pela mão e a salvava do incêndio.

A história se passa no continente imaginário de Yogo, que significa “Terra abençoada”. O imperador de Nova Yogo, o Mikado, suas três esposas e seus dois filhos, Sagum e Chagum, são reconhecidos como aqueles que têm ligação direta com Ten No Kami, o deus supremo dos yogueses. Isso porque o primeiro imperador e fundador de Nova Yogo,  Torugaru, havia conseguido matar o Demônio da Água em uma luta épica retratada nos Registros Antigos pelo primeiro astromante Kainan Nanai, trazendo a liberdade do povo yogo e a fertilidade sobre a Terra.

Duzentos anos depois, o segundo príncipe Chagum passa a ser atormentado por pesadelos em que uma voz o chama de volta para casa. Preocupados com o filho, a segunda Rainha e o Mikado, chamam um dos astromantes do Imperador, Gakai, possuidor do profundo conhecimento do Tendo (a Lei Cósmica dos yogueses), a fim de entender o que se passava com o menino. Durante a observação do sono de Chagum, o astromante percebe que ele emanava uma luz azul – clara, como um casulo que crescia dentro do menino. Trata-se do Demônio da Água, que se tornará não somente sua maldição, como também a de seu povo, caso renasça.

Chagum passa a ser perseguido pelos astromantes a mando de seu próprio pai, a fim de matá-lo. A mãe, para protegê-lo, busca ajuda com a mais velha xamã, Torogai. Em um dos atentados contra a vida do segundo príncipe, ele cai no Rio Aoyumi. Nesse momento, surge a lanceira Balsa, andarilha de Kanbal, que se joga no rio e o salva. Contratada como guarda-costas do príncipe pela segunda rainha, ela foge com o menino para longe do palácio real.

Balsa havia sido criada por Jiguro, professor de artes marciais do país de Kanbal. O verdadeiro pai da menina, Karuna Yonsa, médico imperial daquele país, havia sido perseguido pelo rei, pois sabia do segredo do envenenamento do verdadeiro herdeiro ao trono. A fim de proteger a filha, sua única família, faz com que seu fiel amigo prometesse que a protegeria.

Enquanto Chagum luta para entender por que ele, filho do divino imperador, fora escolhido para ser o guardião do demônio da água, Balsa aprenderá, por meio do contato com o príncipe, como fora difícil para Jiguro treiná-la para ser uma guerreira, sendo por vezes rude com ela, para que se tornasse uma lanceira invencível.

Assim, ora fugindo dos caçadores do imperador, ora dos astromantes que temem pela extinção do povo devido ao espírito que Chagum carrega e ora de Rarunga, o monstro devorador de ovos que impede a chuva, Balsa, Chagum e os outros personagens vão descobrir a verdadeira história da fundação da Nova Yogo, nos transportando para o mundo do invisível, que influencia o mundo real, onde vivem a magia e a força que regem ambos os mundos.

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